segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Em favor de mim mesmo

 Falar especificamente do Tai-Chi e do Chi-Kung, é complexo e simples como quase tudo na vida.

O Tai-Chi diz-nos que tudo está em constante modificação, devemos ter com a vida uma atitude de abertura à transformação, assim como o dia se transforma em noite e nós aceitamos sem qualquer explicação, mas que no fundo nós compreendemos. Também temos que ter esta postura em relação a nós, aos outros e a tudo aquilo que nos rodeia, porque tudo tem o seu tempo, o seu espaço e a sua razão de ser. Por isso o Tai-Chi é o encadeamento de movimentos suaves, outras vezes mais vigorosos, em plena transformação, que aliados a uma respiração correcta produzem e desenvolvem, descontracção física e uma harmonia interior.

O Chi-Kung é uma panóplia de exercícios e meditações que nos servem para manter a saúde e a longevidade, devem ser efectuados correctamente, para que possamos usufruir de todo o bem-estar que a sua prática nos proporciona, qualquer incorrecção na sua aplicação traz certamente efeitos bem contrários aos pretendidos. O Chi-Kung é um trabalho por inteiro, que transforma pela positiva a nossa energia.

Todo este trabalho, sobre o Tai-Chi e o Chi-Kung, baseia-se exclusivamente em tudo aquilo que sinto na minha experiência como praticante, treinador, nos conhecimentos adquiridos nessa mesma prática e no assimilar das explicações transmitidas pelo meu Mestre, quer nas aulas, quer nos cursos de formação.

Mas na verdade, o que significa toda esta vivência para mim?
Não é apenas uma maneira de passar o tempo, estar na moda, praticar um desporto, dizer aos amigos que faço isto ou aquilo para me sentir diferente deles, é muito, mas muito mais sério.

Quando pratico o Chi-Kung, sinto-me “livre”, sinto-me “eu”, como se o mundo parasse e só existisse o movimento e eu. Começo a sentir e a entender o equilíbrio físico, mental e emocional, estou ali, mas também voou para além do espaço onde estou, sinto que tenho necessidade naqueles momentos de uma entrega muito grande porque me sinto bem e feliz, porque sei que todo aquele trabalho me vai transformar, quer na obtenção de uma melhoria da minha saúde, aumenta a minha esperança de vida, modifica o meu estado emocional, numa maior aceitação da crítica dos meus defeitos, na aceitação da diferença e dos outros.
Também mentalmente a capacidade de compreensão e raciocínio se fortificam, começamos a olhar para dentro e para fora de nós, tornando-nos mais completos como seres.
  
Na prática do Tai-Chi sinto o complemento e o fecho do círculo Yin / Yang, que vem da prática do Chi-Kung, pois penso e sinto que ambas as práticas são complementares e indivisíveis, que devem funcionar como uma só.

Quando efectuo a “Forma” sinto toda a liberdade do meu corpo e do meu espírito, é aí que eu vejo o resultado de todo o meu trabalho anterior, a coordenação, a respiração, a flexibilidade, a atenção, a postura, a intensidade, o olhar, o equilíbrio, a evasão, a calma. A Forma de repente torna-se o espelho do nosso interior.

Mas o Tai-Chi não é só a Forma, ela é apenas o produto final de um longo trabalho, de paciência, de dedicação, de treino, de tempo e de absorção de conhecimento.

Com o tempo e a prática o Tai-Chi pouco a pouco, passa a ser a nossa interacção com o espaço, com a natureza, com o infinito, é uma força mutável, que temos que saber compreender e temos que saber usar, não só para benefício próprio, mas também para com os outros. Quanto mais praticamos mais sentimos a necessidade de o fazer com maior regularidade e com maior grau de dificuldade.

O Tai-Chi é pródigo em colocar-nos desafios, sem que nós próprios tenhamos uma consciência efectiva desse facto, obriga-nos a estarmos atentos, mas calmos, é como um rio que toma conta do seu leito e vai desaguar onde quer. Qual é o rio que não quer chegar ao mar? Quem é que não quer ser mais feliz?

Que poderei eu dizer mais sobre este tema, que não tenha já sido dito por outros?

Esta opinião só é importante porque é a “minha” opinião, porque é a minha maneira de sentir, de estar e de viver a mutação que se operou em mim desde que me tornei um praticante de Tai-Chi e Chi-Kung.

2 comentários:

  1. Olá Alfredo. Embora praticante doutra modalidade, yoga, sinto bem o que expressaste. Já faz parte de nós. A nossa vida nunca mais ser a mesma, para melhor claro.
    Um grande abraço deste terráqueo.

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    1. João,como diz Yi King - Mudanças (Yi) As nuvens mudam, as ondas renascem. Um abraço de faterno.

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