O Tai-Chi diz-nos que tudo está em constante modificação, devemos ter com a vida uma atitude de abertura à transformação, assim como o dia se transforma em noite e nós aceitamos sem qualquer explicação, mas que no fundo nós compreendemos. Também temos que ter esta postura em relação a nós, aos outros e a tudo aquilo que nos rodeia, porque tudo tem o seu tempo, o seu espaço e a sua razão de ser. Por isso o Tai-Chi é o encadeamento de movimentos suaves, outras vezes mais vigorosos, em plena transformação, que aliados a uma respiração correcta produzem e desenvolvem, descontracção física e uma harmonia interior.
O Chi-Kung é uma panóplia de exercícios e meditações que nos servem para manter a saúde e a longevidade, devem ser efectuados correctamente, para que possamos usufruir de todo o bem-estar que a sua prática nos proporciona, qualquer incorrecção na sua aplicação traz certamente efeitos bem contrários aos pretendidos. O Chi-Kung é um trabalho por inteiro, que transforma pela positiva a nossa energia.
Todo este trabalho, sobre o Tai-Chi e o Chi-Kung, baseia-se exclusivamente em tudo aquilo que sinto na minha experiência como praticante, treinador, nos conhecimentos adquiridos nessa mesma prática e no assimilar das explicações transmitidas pelo meu Mestre, quer nas aulas, quer nos cursos de formação.
Mas na verdade, o que significa toda esta vivência para mim?
Não é apenas uma maneira de passar o tempo, estar na moda, praticar um desporto, dizer aos amigos que faço isto ou aquilo para me sentir diferente deles, é muito, mas muito mais sério.
Quando pratico o Chi-Kung, sinto-me “livre”, sinto-me “eu”, como se o mundo parasse e só existisse o movimento e eu. Começo a sentir e a entender o equilíbrio físico, mental e emocional, estou ali, mas também voou para além do espaço onde estou, sinto que tenho necessidade naqueles momentos de uma entrega muito grande porque me sinto bem e feliz, porque sei que todo aquele trabalho me vai transformar, quer na obtenção de uma melhoria da minha saúde, aumenta a minha esperança de vida, modifica o meu estado emocional, numa maior aceitação da crítica dos meus defeitos, na aceitação da diferença e dos outros.
Também mentalmente a capacidade de compreensão e raciocínio se fortificam, começamos a olhar para dentro e para fora de nós, tornando-nos mais completos como seres.
Na prática do Tai-Chi sinto o complemento e o fecho do círculo Yin / Yang, que vem da prática do Chi-Kung, pois penso e sinto que ambas as práticas são complementares e indivisíveis, que devem funcionar como uma só.
Mas o Tai-Chi não é só a Forma, ela é apenas o produto final de um longo trabalho, de paciência, de dedicação, de treino, de tempo e de absorção de conhecimento.
Com o tempo e a prática o Tai-Chi pouco a pouco, passa a ser a nossa interacção com o espaço, com a natureza, com o infinito, é uma força mutável, que temos que saber compreender e temos que saber usar, não só para benefício próprio, mas também para com os outros. Quanto mais praticamos mais sentimos a necessidade de o fazer com maior regularidade e com maior grau de dificuldade.
O Tai-Chi é pródigo em colocar-nos desafios, sem que nós próprios tenhamos uma consciência efectiva desse facto, obriga-nos a estarmos atentos, mas calmos, é como um rio que toma conta do seu leito e vai desaguar onde quer. Qual é o rio que não quer chegar ao mar? Quem é que não quer ser mais feliz?
Que poderei eu dizer mais sobre este tema, que não tenha já sido dito por outros?
Olá Alfredo. Embora praticante doutra modalidade, yoga, sinto bem o que expressaste. Já faz parte de nós. A nossa vida nunca mais ser a mesma, para melhor claro.
ResponderEliminarUm grande abraço deste terráqueo.
João,como diz Yi King - Mudanças (Yi) As nuvens mudam, as ondas renascem. Um abraço de faterno.
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